Centenário de Poty Lazzarotto

Poty de Curitiba, a Curitiba de Poty
Centenário de Nascimento de Napoleon Potyguara Lazzarotto: do desenho à gravura: o traço … a ilustração.

Adoro Curitiba e acho que não é à toa que nasci no dia do aniversário da cidade. Curitiba e eu temos uma relação de amor indissolúvel, e por isso sou até suspeito para falar de Curitiba.

Poty Lazzarotto nasceu em Curitiba no dia 29 de março de 1924. O início das suas atividades como artista começa quando do encontro com o interventor Manoel Ribas no pequeno restaurante da família, o “Vagão do Armistício”, incentivado pelo “seo Ribas” ganha uma bolsa de estudos para Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro em Em 1946, fim da guerra, vai à Paris e recebe do governo francês, uma bolsa de estudos, e lá estuda litografia na École Supérieure des Beaux-Arts. É essencialmente um desenhista que tem paixão pelo traço dinâmico e narrativo, mas que escolhe a gravura pelo seu caráter social e todos os seus sonhos são transformados em desenhos como roteiro de filmes. Interessa-lhe inicialmente o preto e o branco, o claro e escuro, a luz e sombra que o desenho oferece.
É um mestre da linha, do vigor do traço sintético e altamente expressivo, mas ao mesmo tempo utiliza de uma linguagem clara – “eu não me dou bem com a cor” dizia ele. Pela problemática da cor é que ele opta pela gravura, com o expressionismo retoma a importância da intensidade dramática do claro e escuro: “eu me interessava muito mais pela gravura, por causa do preto e branco” completava Poty.
Imagens de ficção e realidade, mas também que envolveram a vida do artista. Ele era o homem simples que se comunica com o homem simples, mas ao mesmo tempo o intelectual, sabe as maneiras de trabalhar a linguagem persuasiva que agrada a todos. Uma atenção é importante, sua obra não é linear, nem na temática nem na técnica, tudo pode ocorrer em paralelo, pode ser esquecido e depois retomado, só uma coisa foi importante, a vontade do artista.
Colaborou com a Revista Joaquim de Dalton Trevisan com ilustrações e textos enviados do Rio de Janeiro e de Paris. Voltando ao Brasil, trabalha como ilustrador em jornais e começa a dar aulas de
gravuras, inicialmente em São Paulo e depois em outras cidades brasileiras, incluindo Curitiba. Casado, passa a viver no Rio de Janeiro. Em 1967 à convite dos amigos antropólogos visita o Parque Nacional do Xingú e lá faz uma série de desenhos. As suas imagens que já estava no caminho da sintetização
atinge uma simplicidade maior de traços e meios, criando a linguagem gráfica que vai influenciar muitos desenhistas contemporâneos. Em 1986 doa o seu acervo para a Fundação Cultual de Curitiba que criou o Museu Metropolitano de Arte de Curitiba para a guarda desta coleção; Poty faleceu em Curitiba em 8 de maio de 1998.

    Fernando A. F. Bini, curador
    Março de 2024

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