JORNADA ABCA 2022

Imagem: instalação de Lívia Flores, 2018. Design gráfico: Enzo Esberard.

15 e 16 de dezembro de 2022

Georgina G. Gluzman

Fabulosas o epigonales: las artistas argentinas en los ojos de la crítica artística (1890-1950)

En esta ponencia me interesa explorar dos categorías que los críticos de arte, mayormente varones, utilizaron para analizar la obra de mujeres artistas en la Argentina de la primera mitad del siglo XX: la de la excepción y la de la seguidora, carente de toda inventiva. Mediante el análisis de fuentes textuales poco exploradas, veremos cómo fueron presentadas las intervenciones femeninas en el terreno del arte. ¿Cómo se conectaron estas ideas en torno a las mujeres creativas con sus carreras? ¿Qué consecuencias tuvieron estas representaciones en la Historia del Arte?


Jacques Leenhardt

Deslocamento do tempo e anacronismo na imagem: ensaio crítico sobre algumas obras do artista maranhense Gê Viana.

Todos nós participamos, em graus variados, de múltiplas e distintas temporalidades.
Essa experiência representa, para muitos artistas brasileiros pertencentes ao mesmo tempo a culturas tradicionais amazônicas, uma tensão particular pelo fato de essas comunidades vivenciarem profundas discrepâncias entre si.
A artista maranhense Gê Viana tematiza essas tensões em suas imagens através do uso de diferentes  tipos de colagem jogando com a temporalidade, e também com formas de anacronismo que gostaria de abordar criticamente.


Sonia Gomes Pereira

A crítica de arte de Gonzaga Duque

O objetivo desta palestra é analisar a crítica de arte de Gonzaga Duque, em especial o seu livro Arte Brasileira publicado em 1888.
Isto implica a análise da repercussão em sua escrita das teorias artísticas, tais como o Realismo e o Impressionismo, assim como a presença das principais correntes de ideias em voga entre os intelectuais brasileiros, como o Positivismo, e a discussão sobre as raças.
Examinando esse campo teórico, é possível detectar as principais escolhas do crítico naquele momento de mudanças no Brasil, tanto políticas – Abolição e República –, quanto artísticas – como a transformação da velha Academia em Escola Nacional de Belas Artes e o amadurecimento de uma nova geração de artistas.


Aldrin Moura de Figueiredo

A grande chama tupi: manifesto, crítica e modernismo na Amazônia na década de 1920

Esta comunicação analisa a importância e a divulgação do manifesto literário Flami-n’-assú, de Abguar Bastos (1902-1995), como parte da construção intelectual de um perspectivismo amazônico no modernismo brasileiro na década de 1920. Para isso, buscamos analisar a formação dos grupos literários no Pará nas primeiras décadas do século XX, seu viso filosófico e suas conexões e distinções com outros projetos artísticos nacionais. Ideias de modernidade, mediadas por noções de identidade nacional, sob o ponto de vista regional, estão na base da formulação desse ideário, levando em consideração o lugar do discursivo, a ancestralidade indígena e posicionamento da Amazônia no debate a partir de uma farta experiência literária. Não se tratava mais de pensar a região um reduto de tradições, perdido no passado, à margem da história. Ideias de futuro, juventude, vanguarda, saber e arte indígenas fizeram parte do repertório cognitivo de sustentação “mental” e “espiritual” desse manifesto, na recepção crítica e nas contendas com o passado e da construção do presente.


Robson Xavier

Fora do eixo: a arte na paraíba entre os anos 1980 e 1990

Os anos 1980 e 1990 foram referenciais para a consolidação da cena da arte contemporânea da/na Paraíba,  no encalço do trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Arte Contemporânea (NAC), da UFPB, entre 1977 e 1984, seguido pela inauguração da Fundação Espaço Cultural José Lins do Rêgo em 1983, e a realização da Exposição “Momentaufnahme” ou “Arte Atual de Berlim”, em agosto de 1987, uma importante exposição de arte recebida no Brasil para uma temporada de seis meses, com a primeira mostra realizada em João Pessoa, Paraíba, contando com a participação de cento e vinte trabalhos de cerca de 40 artistas da Alemanha, realizada no mesmo ano da criação da Pinacoteca da UFPB, seguida das Mostras Arte Atual Paraibana I e II no início dos anos 1990. Essas exposições e ações institucionais fizeram parte da inserção da arte produzida e/ou que circulou no estado da Paraíba, na cena nacional/internacional da arte contemporânea, estabelecendo diálogos e marcando um momento histórico que repercute até a contemporaneidade.


Paulo Reis

Cartografias do presente – exposições e histórias da arte

A presente pesquisa tem como seu pressuposto a construção específica de diversificadas narrativas históricas das artes visuais no Brasil constituídas pelas exposições. Parte-se aqui da compreensão das exposições e suas curadorias que se constituem como lugar privilegiado de uma historiografia da arte. E é à partir de algumas exposições, que se pretende refletir sobre outras construções narrativas da arte brasileira e ensaiam-se, assim, chaves para uma compreensão crítica de uma história da arte que se quer mais complexa e diversa. Com essas premissas o foco da abordagem recai sobre as narrativas das artes visuais construídas por seis exposições no Brasil à partir dos anos 1970 e, com isso, perceber suas tramas, estratégias, ensaios narrativos e históricos. Serão discutidas as exposiç&o tilde;es “Panorama das Artes Plásticas em Campo Grande” (1970) com curadoria de Aline Figueiredo; “Projeto Nordestes” (1999) com curadoria de Moacir dos Anjos; “Amazônia, a arte” (2010) com curadoria de Orlando Maneschy; “Histórias Afro-atlânticas” (2018) com curadoria de Adriano Pedrosa, Ayrson Heráclito, Hélio Menezes, Lilia Moritz Schwarcz e Tomás Toledo; “Sertões – 36º Panorama da arte brasileira” (2019) com curadoria de Júlia Rebouças e “Netos de Makunaimi – encontros de arte indígena contemporânea” (2019) com curadoria de Ana E. de C. Freitas e Paula Berbert.


Lisbeth Rebollo Gonçalves

Sérgio Milliet e Mario Pedrosa: dois críticos brasileiros no contexto da Associação Brasileira de Críticos de Arte

No século XX, os dois críticos estão ligados à história da arte moderna no Brasil, assim como à projeção da arte brasileira no estrangeiro, especialmente na Europa. Sérgio Milliet viveu de 1898 a 1966 e Mário Pedrosa, de 1900 a 1981.
No contexto nacional e internacional da atualidade,  Mário Pedrosa  é quem atualmente atrai a atenção dos especialistas em arte e das instituições artísticas brasileiras e internacionais. Sérgio Milliet está  um pouco esquecido, apesar de haver diversas teses sobre sua produção intelectual como crítico de arte e de literatura, poeta, ensaísta, tradutor e gestor cultural, resultado de pesquisas universitárias  produzidas nos últimos 40 anos no Brasil.
Fatores ligados ao contexto da globalização cultural podem explicar este fato. Uma apreciação crítica desta questão é o foco central da palestra.


Gabriela Abraços

A crítica de arte de Mário Pedrosa: os estudos da percepção e a pesquisa contínua

Visamos apresentar uma reflexão sobre o crítico Mário Pedrosa, e seus estudos sobre a percepção humana, embasado por seu interesse pela forma artística e a dimensão afetiva da arte. Propomos que o crítico compôs uma trajetória de estudos sobre a psicologia da forma e percepção, a fim de melhor compreender os meandros da criação e da recepção estética do objeto de arte. Envolvido no binômio arte e ciência, Pedrosa busca na psicologia e na Filosofia, os subsídios teóricos que serão necessários para a tecitura de sua crítica de arte, sobre os movimentos estéticos que frequentou e fomentou. Nesta seara, o crítico argumenta que o contato sensível com a arte possibilita ao homem o desenvolvimento de uma relação mais humanizada do indivíduo com seu mundo, ou seja, a natureza afetiva da arte é capaz de desenvolver gradativamente no indivíduo, um olhar sensível sobre si mesmo e sobre os outros.


Moacir dos Anjos

Do engenho à piscina: estratégias de representação na arte brasileira contemporânea

A palestra irá nomear e distinguir duas estratégias contra-hegemônicas de representação na arte brasileira contemporânea que se consolidam ao longo da última década. Estratégias que são repercutidas e legitimadas por críticos e curadores em processo de disputa pelas equivalências sensíveis que melhor caracterizam o país atual. A primei ra delas se ocupa da exposição das violências e danos históricos impostos aos corpos minorizados na sociedade brasileira (negros, indígenas, travestis, loucos, pobres). A segunda, por sua vez, recusa a reiteração de imagens de sofrimento desses corpos e os apresenta em situações cotidianas de felicidade e beleza. Embora distintas, não são estratégias inteiramente antagônicas, ambas contribuindo para a construção de uma outra paisagem simbólica do Brasil, mais generosa e inclusiva.

15 de dezembro (quinta-feira)

Das 13h30 às 14h | Abertura oficial
Madalena Grimaldi (Direção da EBA)
Ivair Reinaldim (Org. e Coordenador PPGAV)
Sandra Makowiecky (Presidente ABCA)
Carlos Terra (Org. e 2º Vice-Presidente ABCA)


Das 14h às 14h30 | Deslocamento do tempo e anacronismo na imagem: ensaio crítico sobre algumas obras do artista maranhense Gê Viana
Jacques Leenhardt (França)

Mediadora:
Maria Luisa Távora (RJ)


Das 14h30 às 15h | Fabulosas o epigonales: las artistas argentinas en los ojos de la crítica artística (1890-1950)
Georgina Gluzman (Argentina)

Mediadora:
Maria Luisa Távora (RJ)


Das 15h às 15h30 | Debate


Das 15h30 às 16h | Intervalo


Das 16h às 16h30 | A crítica de arte de Gonzaga Duque
Sonia Gomes Pereira (RJ)

Mediador: Rodrigo Vivas (MG)


Das 16h30 às 17h | A grande chama tupi: manifesto, crítica e modernismo na Amazônia na década de 1920
Aldrin Figueiredo (PA)

Mediador: Rodrigo Vivas (MG)


Das 17h às 17h30 | Debate


16 de dezembro (sexta-feira)

Das 14h às 14h30 | Fora do Eixo: A arte na Paraíba entre os anos 1980 e 1990
Robson Xavier da Costa (PB)

Mediador:
Luana Wedekin (SC)


Das 14h30 às 15h | Cartografias do Presente – exposições e histórias da arte
Paulo Reis (PR)

Mediador:
Luana Wedekin (SC)


Das 15h às 15h30 | Debate


Das 15h30 às 16h | Intervalo


Das 16h às 16h30 | Sérgio Milliet e Mário Pedrosa: dois críticos brasileiros no contexto da Associação Brasileira de Críticos de Arte
Lisbeth Rebollo Gonçalves (SP)

Mediador:
Ana Lúcia Beck (GO) 


Das 16h30 às 17h | A crítica de arte de Mário Pedrosa: os estudos da percepção e a pesquisa contínua
Gabriela Abraços (SP)

Mediador:
Ana Lúcia Beck (GO)


Das 17h às 17h30 | Debate


Das 17h30 às 18h | Encerramento oficial
Palestra com Moacir dos Anjos (PE)
Do engenho à piscina: estratégias de representação na arte brasileira contemporânea

Mediador:
Ivair Reinaldim

18h | Encerramento
Sandra Makowiecky (SC) , Carlos Terra (RJ), Lisbeth Rebollo Gonçalves (SP) e Ivair Reinaldim (RJ)

COMISSÃO ORGANIZADORA
PRESIDENTE: Carlos Gonçalves Terra (UFRJ) 
Ivair Junior Reinaldim (ABCA/UFRJ) 
Sandra Makowiecky (ABCA/UDESC) 
Francine Goudel (ABCA/SC)
Viviane Baschirotto ( ABCA/SC)

COMISSÃO CIENTÍFICA
Ana Lúcia Beck (ABCA/ UFG)
Angela Ancora da Luz (ABCA/UFRJ)
Carlos Terra (ABCA/UFRJ)
Isis Braga (ABCA/UFRJ)
Ivair Reinaldim (ABCA/UFRJ)
Gabriela Abraços ( AICA/ABCA/SP)
Lisbeth Rebollo Gonçalves (AICA/ABCA/USP)
Luana Wedekin (ABCA/UDESC)
Maria Luiza Távora (ABCA/UFRJ)
Priscila Arantes (ABCA/PUC-SP)
Rodrigo Vivas (ABCA/UFMG)
Sandra Makowiecky (ABCA/UDESC)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Jornada da Associação Brasileira de Críticos de Arte (63. : 2022 : Rio de Janeiro, RJ)Anais da 63a Jornada da Associação Brasileira de Críticos de Artes [livro eletrônico] : a crítica de arte no seu tempo e entre tempos / organização Carlos Gonçalves Terra, Ivair Junior Reinaldim, Sandra Makowiecky. — 1. ed. — Rio de Janeiro : Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABC, 2024.

Vários autores. Vários colaboradores. Bibliografia.

ISBN 978-65-87783-05-5




A CRÍTICA DE ARTE NO SEU TEMPO E ENTRE TEMPOS

A Escola de Belas Artes da UFRJ, juntamente com seu Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV), com o apoio dos Grupos de Pesquisa Paisagens Híbridas (GPPH) e História do Paisagismo (GPHP), sediará a Jornada da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) em 2022. Pelas dificuldades encontradas neste primeiro ano de gestão da ABCA, optamos por fazer um evento sucinto, em formato on-line, nos dias 15 e 16 de dezembro, via plataforma zoom, com transmissão pelo YouTube. O encontro contará com oito comunicações, distribuídas em quatro diferentes mesas, seguidas de debate. 

O tema da Jornada 2022 será A Crítica de Arte no seu Tempo e entre Tempos. A proposta pretende examinar os modos pelos quais a crítica de arte tornou-se parte integrante não só do sistema de arte, mas também da vida cotidiana da nossa sociedade, seja no momento histórico em que ela foi produzida e/ou se insere, seja na articulação de diferentes temporalidades inerentes a seus processos de constituição e atuação. Entendemos, portanto, que a crítica de arte, por mais localizada que possa ser, também se constrói na articulação de tempos.

Na sua inserção cotidiana, a crítica não só elabora o pensamento estético, estabelece diálogo com os processos artísticos e avalia as tensões inerentes ao sistema de arte; além disso, ela nos oferece material para compreendermos as relações econômicas e políticas, as diferentes pautas e lutas que constituem o tecido social, as transformações tecnológicas e estruturais pelas quais passamos e continuamos a passar, tanto na dimensão micro quanto na macro. Por meio de sua prática, visões da arte e sobre a arte foram e são produzidas no campo artístico e na esfera pública mais ampla, promovendo reflexão e debate.

Alinhados ao tema geral, propomos ainda os seguintes eixos: especificidades/particularidades históricas da crítica de arte; a crítica de arte como uma prática; circulação e alcance da crítica; a crítica de arte e seus públicos; relações entre crítica e curadoria; a crítica e os processos artísticos; a crítica institucional como prática artística.

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