Seminário Anti-preguiçosos no Mapa-múndi do Brasil.

Nos dias 15, 16 e 17, no Centro de Pesquisa e Formação do SESC-SP, acontece presencialmente o Seminário Anti-Preguiçosos no Mapa-múndi do Brasil, organizado por Alexandre Sá e Gustavo Torrezan.

Trata-se de um seminário que reúne pensadores de diversas áreas da cultura que discutirão o ócio e a contemplação como parte de um processo criativo brasileiro. Por quais motivos tais características configuram um clichê de povo que jamais se adequou ao panorama internacional?

Algumas narrativas optaram por pensar o Brasil a partir da preguiça, como parte estrutural do comportamento. Se, na primeira metade do século XX tal abordagem, que se repetia em outras partes do mundo, guardava algum romantismo encobridor das violências do processo colonizatório, gradualmente, esta estrutura fomenta um processo de classificação, exotização alegórica e demolição de alguma autonomia política. A isto somam-se à selvageria das belas paisagens, a alegria, o carnaval e o corpo que ginga.

Mas se toda essa mistura fosse exatamente capaz de proporcionar o antídoto para uma produção capitalista que nunca termina? E se fosse exatamente isso que, atualmente, ainda consegue provocar um refluxo efetivo, um levante contra toda a urgência de resposta e de produção de resultados? Como a Arte pode lidar com tais questões, sendo um sistema que, apesar de desejar novas cosmologias, continua operando sob a lógica da demanda?

O título do seminário nasce do nono aforismo do Manifesto Antropofágico:

“Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil. Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.” 

Trata-se de um aforismo onde, segundo Beatriz Azevedo, Oswald de Andrade retoma a ausência de limites, discutida previamente entre o mundo interior e o mundo exterior; agora marcando nossa ausência de costume de delimitações territoriais.  Exatamente por este hábito, surge a afirmação de sermos preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Esta expressão “mapa-múndi do Brasil”  é, segundo Jorge Schwarz, uma anedota corrente nos meios escolares  fruto de uma apresentação do mapa do Brasil feita por um professor de ginásio à época. 

Adicionamos o “anti”, como uma hipótese de:

  • Talvez termos redescoberto a importância das fronteiras e de suas respectivas dissoluções.
  • Pensarmos em uma possibilidade de exercício da preguiça para além do seu clichê, investindo no exercício da contemplação como construção de saber e experiência. 

A partir disso, escolhemos três subtemas que nortearão as conversas:

15/08, terça-feira das 19h às 21h

Mesa 1 – Profanação.

Profanação como possibilidade de irreverência, deambulação, violência e enfrentamento. Explodir a aura dos sistemas. Tornar o presente tangível. Agora.

Com Jean Tible e Allan da Rosa

Mesa 2 – Devoração

Devorar para além da fome e da pressa. Comer a carne do outro em sua cidade como quem ama. Toda boca guarda consigo um espelho e uma navalha.

Com Maria de Fatima Morethy Couto e Vera Beatriz Siqueira

Mesa 3 – Desbunde

O acaso que sobrevive à morte. Políticas de encantamento para além da língua e do dizer. Gingas épicas para reencontrar algum sorrir. História como furo. Vento.

Com Francisco Bosco e Michel Melamed

Este evento é realizado por meio de uma parceira entre o Centro de Pesquisa e Formação do SESC-SP, o Instituto de Artes da UERJ, o Programa de Pós-Graduação em Artes da UERJ e o Grupo de Pesquisa A arte contemporânea e o estádio do espelho.

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