TERRITÓRIOS POSSÍVEIS – paisagens insólitas
Individual inédita do artista Petrillo apresenta produção recente, entre pinturas, desenhos e instalação com 1.200 obras que levou seis anos para ser concluída
A investigação do artista visual Petrillo sobre as possibilidades de paisagens/lugares foi o que deu origem à sua nova mostra individual, “TERRITÓRIOS POSSÍVEIS – paisagens insólitas”, que será inaugurada no dia 27 de novembro e ocupará o Centro Cultural Correios, no Centro, até o ano que vem. Esta pesquisa integra seu repertório visual e imagético, que parte da referência de imagens e fotografias reais. Fazendo uma proposição da recriação da espacialidade, Petrillo observa a sua topografia e recria imagens e paisagens inexistentes, lugares por ele idealizados. Com trabalhos produzidos de 2022 a 2024, a exposição reúne 19 pinturas da série “Territórios Possíveis” – a maioria em técnica mista sobre telas de grandes formatos, sendo um díptico em têmpera sobre tela) – , 20 desenhos da série “Topografias Reconstituídas (alguns em dobraduras, outros utilizando técnica mista sobre papel). Complementa a expsoição a grande instalação “Territórios Reconstituídos”, composta por cerca de 1.200 desenhos de pequenos formatos em caixas acrílicas de CD, tendo demorado seis anos para ser finalizada.
“Esses trabalhos são fruto de uma pesquisa que venho realizando há algum tempo e são bastante pautados na questão da espacialidade e nos estudos de espaço e lugares propriamente ditos. Comecei a observar a questão das curvas de nível nfluenciado pela faculdade de Arquitetura, onde dou aulas de desenho. Todo esse processo foi desembocar agora: ressignificando as ‘voçorocas’ (afundamento de solo), acenando também para uma preocupação ecológica e como uma pequena denúncia sobre o que o homem está fazendo na degradação do meio ambiente. Ressignifico não apenas as paisagens que pura e simplesmente vemos, mas também expresso algo mais visceral e impulsivo, a paisagem que está dentro do imaginário de cada um. As manchas nas pinturas são intencionais, vou colocando camadas sobre camadas, nada é aleatório”, afirma Petrillo.
Marcus de Lontra Costa assina o texto crítico “Várias Paisagens”, onde discorre sobre o processo de realização das obras
Várias Paisagens
Toda obra de arte, em especial a pintura, é o resultado de um longo processo de articulações mentais e técnicas. A imagem que vemos diante de nós é antes de tudo o resultado de uma construção, “tijolo por tijolo num desenho mágico “, e revela as ferramentas com as quais o artista se comunica com o mundo.
Assim as obras de Petrillo apresentadas nessa mostra nos oferecem várias camadas de leitura. A sua proximidade com a atividade arquitetônica determina o processo de pesquisa do artista, a partir de uma composição gráfica e espacial que estrutura toda a sua estratégia criativa.
De suas heranças modernistas ele extrai a ordem e a racionalidade gráfica sobre a qual outras camadas são acrescentadas. A paisagem aqui é fragmentada e seus recortes propõem novas e instigantes leituras do real. Das vanguardas históricas, Petrillo dialoga poeticamente com a abstração geométrica e com a tensão informal. Tudo aqui atua no sentido de construção de uma beleza filha da clareza, da ordem e da elegância. Essa estratégia encontra referência histórica nas obras de Ivan Serpa, onde o gesto informal revelava, num olhar mais apurado, o perfeito controle das manchas pictóricas.
A pintura de Petrillo recusa o olhar apressado. Ela se oferece ao nosso olhar de maneira discreta e elegante. O tempo conspira a seu favor. A pincelada incisiva, os tons terrosos revelam sutilezas cromáticas e um certo silêncio muitas vezes necessário em épocas de tanta turbulência. Seja na pintura ou nos desenhos Petrillo se apropria de imagens do mundo, fragmentos da paisagem para criar com eles sequências e equações que fazem da arte uma ferramenta poderosa de integração do mundo e de seus encantamentos.
Serviço
“TERRITÓRIOS POSSÍVEIS – paisagens insólitas” – exposição individual do artista visual Petrillo
Abertura: dia 27 de novembro de 2024, das 16h às 20h
Visitação: de 28 de novembro de 2024 a 11 de janeiro de 2025
Local: Centro Cultural Correios RJ
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro
Horário: de terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada gratuita