A Danielian Galeria apresenta, a partir de 7 de novembro de 2024, às 18h, a exposição “Daniel Lannes – Entre Poses”, com doze pinturas inéditas, em que o artista discute “o constante paradoxo” do brasileiro em relação com o corpo: “Conviver com sua culpa cristãem relação à nudez, e ainda assim assumir o posto de símbolo sexual”. “O corpo no Brasil é algo proibido”, diz, acrescentando que “o fio dental é a deixa para tal conclusão”. Com o título da mostra retirado de sua prática de trabalho no ateliê, trabalhar com modelos vivos, Lannes se inspirou no universo criado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980) para fazer as pinturas apresentadas. Os curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto escrevem no texto da exposição: “A partir de paixões, traições e moralismos, os personagens de Nelson Rodrigues viviam entre conflitos que revelavam os aspectos mais íntimos e profundos da natureza humana”. Nas imagens abaixo: “Perdoa-me por me traíres” (2024), óleo e acrílica sobre linho, com 150x185cm e “Só os intranscendentes enxergam o óbvio” (2024), óleo e acrílica sobre linho, 120x150cm.
Daniel Lannes diz que “não há nudez absoluta que possa ser encarada sem desconforto e remorso”. “Pintar o nu se enquadra dentro das maiores tradições da pintura a óleo ocidental. Claro que entre uma Vênus de Urbino e uma Olympia certos paradigmas foram caindo pelo caminho”, diz. “No entanto, pintar um nu no Brasil é algo que extrapola os limites da história da arte dentro de nossa própria noção identitária. O que exportamos até hoje não reflete a essência do que somos, diriam os conservadores. Enquanto continuarmos negando nossa sensualidade, recusando o que temos de potência vernacular, e nos permitirmos assumir tais traços apenas durante uma semana de carnaval, o Brasil será sempre o país do futuro. Mas o corpo é agora”.
Os títulos das pinturas, que têm tamanhos variados em torno de 1,50m a 2 metros, já sugerem o ponto de partida para esta produção de Daniel Lannes: “Novos mitos, novos traumas”, “A pele da paisagem”, “Cuidar desprezando, desprezar cuidando”, “Trégua”, “O fio dental é a nossa maior arma”, “Cetim”, “Ela é quem quer”, “O desejo como performance”, “Só os intranscendentes enxergam o óbvio”, “Suor”, “À francesa” e “Perdoa-me por me traíres”.
Daniel Lannes tem obras em diversas coleções, como Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Coleção Gilberto Chateaubriand; Pinacoteca do Estado de São Paulo; e Museu de Arte do Rio (MAR).
Ganhou o 6º Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas (2016); integrou a exposição “100 Painters of Tomorrow” (Thames & Hudson, Londres, 2014); fez residências artísticas na LIA (Leipzig International Art Programm), na Alemanha, em 2015; Lille 3000 Art Festival, França; e Sommer Frische Kunst (2013), Bad Gastein, Áustria.