Esta semana começaram os trabalhos para o restauro da escultura-fonte “Palácio de Cristal”, na Praça Cardeal Arcoverde, em Copacabana, criada pela grande artista paulistana Amelia Toledo (1926–2017). Inaugurada em 1998, a escultura, um grande bloco de quartzo rosa, com 140 centímetros de altura, foi pensada pela artista pelas qualidades do cristal: transmitir beleza, energia de vida e afeto para as pessoas que passam pelo local.
Descaracterizada pelo tempo e pelo aterramento do espelho d’água original, a obra voltará à beleza de sua época de criação, graças à iniciativa da galeria Nara Roesler, responsável pelo legado da artista. Com este gesto, a instituição de arte, ativa no circuito há quase 50 anos, com sedes em São Paulo e Nova York, quer presentear a cidade, em comemoração aos seus dez anos no Rio de Janeiro.
O restauro está sendo possível devido à parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima, e apoio do Instituto de Arquitetos do Brasil – Rio de Janeiro (IAB-RJ). A obra será cercada por um tapume, enquanto os operários especializados fazem as diversas etapas de trabalho previstas: retirada do aterramento feito sobre o espelho d’água original; verificação das tubulações de água e das instalações elétricas; desentupimento das calhas e ralos; recuperação dos canteiros em volta da fonte; e abertura da casa de máquinas, atualmente cimentada.
Em seguida, será feita a limpeza do quartzo rosa com jato d’água, bem como a instalação de bomba d’água para fazer a fonte funcionar.
“Palácio de Cristal” foi criada por Amelia para complementar o projeto da Estação Arcoverde do Metrô, a cargo do arquiteto João Batista Martinez Corrêa (1942), que convidou a artista para participar da empreitada. Os dois trabalharam juntos por dois anos, e Amélia criou para a Estação Arcoverde o “Projeto Cromático”, um revestimento para as paredes com 68 diferentes tons, além de ter indicado os materiais de acabamento e fazer o painel de piso “Embarque na Estação Terra”, e pelo painel de aço inox “Por dentro da Terra”. O IAB premiou o projeto de Amelia e de João Batista – que está com 82 anos, e é irmão do diretor teatral e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa (1937-2023), que apresentou a artista ao arquiteto.
Merece destaque o apoio imediato de Tainá de Paula – à frente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima na época em que o projeto de restauro foi apresentado por Nara Roesler – naarticulação junto à Prefeitura do Rio e o Metrô Rio, concessionária do governo do Estado.
Amelia Toledo viveu no Rio de Janeiro nos anos 1970 e 1980, período em que iniciou uma obra pioneira na história da arte brasileira, em que ultrapassou a linguagem construtiva incorporando elementos da natureza, criando o que se pode chamar de abstração ecológica. Ela era ligada, principalmente aos cristais e às conchas marinhas.