Exposição “Terra Vermelha” inaugura no Paço Imperial no dia 3/8

Imagem: Detalhe da obra “Pangeia”, de Raul Leal: animais e bioma local ganham formas em chapas de madeira que denunciam a degradação ambiental.

Degradação ambiental e reflorestamento são mote da individual do artista carioca Raul Leal, que parte da observação da paisagem Fluminense

A destruição ambiental no Norte e Noroeste Fluminense, visível a olho nu e acelerada ao longo dos últimos anos, foi o ponto de partida para a individual “Terra Vermelha”, que o artista Raul Leal apresenta no Paço Imperial a partir do dia 3 de agosto, com curadoria de Lucas Albuquerque. A mostra exibe os trabalhos documentados ao longo dos últimos anos por Raul, que atuou na região propondo uma prática artística que une sustentabilidade e artes visuais. Por meio de suas obras, aborda questões ecológicas do interior fluminense e utiliza a arte para provocar reflexões sobre as agressões ao ecossistema como um todo.

A vista natural e o bioma regional, que ao longo dos séculos inspiraram inúmeros artistas viajantes, agora sofre a ação extrativista humana. A erosão acelerada, as secas prolongadas, a má qualidade do solo e as mudanças no bioma regional são evidências de um problema ecológico que altera a paisagem. Buscando trazer esse cenário à tona, Raul Leal, natural da região noroeste fluminense, reflete sobre a ameaça ao bioma da mata atlântica evidenciando a alteração no território.

“Há um histórico de ocupação onde podemos observar processos de degradação do meio ambiente que hoje resultam em sérios problemas. Em meu trabalho, busco recuperar uma imagem que vem se apagando com o desaparecimento da natureza no interior do Brasil, resultante das práticas predatórias adotadas a serviço do lucro”, conta.

Abordando a crise ambiental atual, ele apresenta uma série de trabalhos em diversos suportes, entre fotografia, desenho e gravura, no ímpeto de expor a devastação. Trabalhando sumariamente com madeiras naturais e queimadas, o artista cria um inventário visual onde documenta animais que resistem nas áreas agredidas e diferentes plantas do bioma natural fluminense, fotografadas antes de uma ação de reflorestamento guiada por semanas a fio pelo artista.

“O artista enquadra cenas onde a vida natural ainda persiste, lutando pela sobrevivência,” afirma o curador da exposição, Lucas Albuquerque. “Estas imagens são sobrepostas a talhos de madeira, criando uma conexão direta com a tradição das paisagens na arte brasileira dos séculos XVII e XIX. Diferente dessas representações históricas, as imagens de Raul evidenciam o risco iminente da devastação”.

Exposição dá continuidade a projeto iniciado no SESC-Campos

A exposição “Terra Vermelha” é o desdobramento de um projeto iniciado no SESC-Campos em agosto de 2022. Apresentando trabalhos resultantes da ação direta do artista na região, a exposição incluiu o plantio de mudas de árvores com o apoio do SESC. Tais árvores foram documentadas e posteriormente transformadas em objetos de arte, exibidos na mostra, configurando um ateliê coletivo onde o público foi convidado a participar do desenvolvimento das obras ao longo dos meses.

Como maneira de articular formas de combater as práticas predatórias adotadas na região, diversas atividades complementaram a exposição no SESC-Campos, como a doação de mudas de árvores nativas, além de visitas guiadas e conversas que contaram com convidados como o professor e ecólogo Inácio Pestana, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e a ong Campos mais verde.

Para a exposição no Paço Imperial o artista criou séries inéditas de trabalhos, realizadas a partir do plantio de mudas de árvores no noroeste fluminense e imagens de animais e plantas que resistem nesses locais degradados. O desenvolvimento dos processos na exposição “Terra Vermelha” mantém o compromisso de promover a consciência ambiental através da arte, continuando a inspirar reflexões e ações concretas para a preservação dos ecossistemas brasileiros.

Libelula – desenho sobre madeira – 120x60cm – 2024

Sobre Raul Leal

Raul Leal é artista visual formado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage RJ. É especialista em gestão cultural pela Fundação Cecierj RJ. Residências no Parque Nacional de Itatiaia, na Universidade Federal do Espírito Santo e no Parque Nacional do Caparaó. Realizou diversas exposições individuais e coletivas em galerias e espaços institucionais como MAM_RJ, Caixa Cultural e Sesc. Possui trabalhos em instituições como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte de Blumenau, Biblioteca Nacional, Universidade Federal do Espírito Santo, entre outras. Utiliza em sua produção artística os meios da pintura, desenho, fotografia, instalação e vídeo. Instagram: @raullealstudio

Sobre Lucas Albuquerque

Lucas Albuquerque é bacharel em História da Arte e mestre em Processos Artísticos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi coordenador curatorial da Casa Museu Eva Klabin (Rio de Janeiro), produzindo diálogos entre seu acervo e arte contemporânea. Foi curador-organizador da Galeria Aymoré (Rio de Janeiro). Como curador do programa de residências artísticas do Instituto Inclusartiz (Rio de Janeiro), trabalhou estabelecendo conexões com artistas, curadores e pesquisadores entre Brasil e Reino Unido (Delfina Foundation), França (Frac Bretagne), Espanha (Homessessions) e Holanda (Rijksakademie). Realizou a curadoria das exposições “Muamba: brazilian traces of movement” (2023), na Ruby Cruel (Londres, U.K.); “Whispers from the South” (2023), na Lamb Gallery (Londres); “Ustão” (2023) e “Ultramar” (2023), na Casa Museu Eva Klabin (Rio de Janeiro); “O Sagrado na Amazônia” (2023), com Paulo Herkenhoff, e “Gamboa: nossos caminhos não se cruzaram por acaso” (2022), no Instituto Inclusartiz (Rio de Janeiro); “Futuração” (2021), na Galeria Aymoré (Rio de Janeiro); além de outras individuais e coletivas. Intagram: @lu.casalbuquerque

Serviço

“Terra Vermelha”

Artista: Raul Leal

Curadoria: Lucas Albuquerque

Local: Paço Imperial

Endereço: Pça XV de novembro, 48 – Centro – RJ

Abertura: dia 3 de agosto, das 14h às 18h

Visitação: de 4 de agosto a 20 de outubro de 2024

Funcionamento:  de terça a domingo e feriados, das 12h às 18h

Classificação livre

Entrada gratuita

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