Exposição José Patrício: Agitações pelo número no Paço Imperial, curadoria de Paulo Herkenhoff, 3 de agosto de 2024

Imagem: 2016 – Conexões cromáticas A-13, 70x61cm, Foto RL

O artista pernambucano, conhecido pela combinação de centenas e até milhares de
peças de dominó que provocam um intenso efeito óptico, ocupará três salas no
Paço Imperial com mais de 70 obras, em curadoria de Paulo Herkonhoff, com trabalhos criados principalmente nos últimos dez anos.

Colecionador de objetos e de arte popular, José Patrício trará de seu ateliê no
Recife um armário-vitrine com obras de artistas do nordeste selecionadas por ele,
e dispostas de acordo com sua autoria, forma ou cor. Peças de quebra-cabeças de
plástico compõem a maioria das obras expostas, mas estarão também trabalhos
feitos com dados, botões, dominós e também pastilhas de cerâmica provenientes
de uma reforma em seu ateliê. Ao apontar o celular para as quatro obras “Vanitas
QR Code” (2011-2018), em peças de quebra-cabeças de plástico sobre madeira, o
público verá na internet a citação em latim “Sittibi terra Levis”: “que a terra te seja leve”.

Paço Imperial, Rio de Janeiro
[Primeiro andar]
Abertura: 3 de agosto de 2024, das 14h às 18h
Com a presença do artista
Até: 20 de outubro de 2024
Curadoria: Paulo Herkenhoff
Entrada gratuita


O Paço Imperial tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “Agitações
pelo número”, com mais de 70 obras do artista José Patrício (1960, Recife). Com
curadoria de Paulo Herkenhoff, a mostra ocupará as Salas Gomes Freire e sua
antecâmara, e a Treze de Maio, no primeiro andar do Paço Imperial. José Patrício
tem uma longa história de exposições no Paço Imperial, como as coletivas “Anna
Maria Niemeyer, um caminho” (2012), “1911 – 2011: Arte brasileira e depois, na
Coleção Itaú” (2011), “Tudo é Brasil” e “28º Panorama da Arte Brasileira (2004),
“Espelho cego: seleções de uma coleção contemporânea” (2001), e sua individual
“Ars Combinatoria”, em 2001, em que fez uma instalação utilizando 2.500 jogos de
dominó, cada um com 28 peças, totalizando 70 mil peças. José Patrício integra a
Trienal de Tijuana (julho de 2024 a fevereiro de 2025), no México
José Patrício diz que “é com alegria que retorno ao Rio de Janeiro para expor no
Paço Imperial uma parte da minha produção, fruto de muitos anos de pesquisa e
produção constante, baseada em princípios matemáticos e em sintonia com uma certa
tradição construtiva da arte brasileira”, comemora. “Esta exposição apresenta uma
série de obras que realizei nos últimos anos, a partir da curadoria de Paulo
Herkenhoff, com ênfase no Número como elemento norteador da minha produção
artística”, destaca.
Autor do livro “José Patrício: cogitações sobre o número” (2010), que cobriu quase
três décadas da trajetória do artista “sob a dimensão da geometria e de teorias
filosóficas da matemática”, Paulo Herkenhoff convida o público “a projetar os
significados que elaborarem” sobre as obras expostas. “Cada visitante será assim
agitado para interpretar o Número”, afirma.
O curador criou um percurso na exposição em que dispôs os trabalhos nas salas de
acordo com suas séries, e escreveu textos que estarão nas paredes de cada um dos

segmentos. Apelidada de “Sala Dourada”, por causa da obra “Estrutura modular
dourada” (2019), em placas de metal dourado, pregos de latão e esmalte sobre
madeira, com 75cm x 75cm, que abre a exposição, a antecâmara da Sala Gomes
Freire abriga os trabalhos “Espirais cromáticas série 2 nº 1” (2023), em botões e
esmalte sintético sobre madeira, com 200cm x 200cm, “Espirais cromáticas XVIII”
(2022), em botões sobre tela sobre madeira, com 114,5 x 225 cm, e “Afinidades
cromáticas – Dourados Versão 2” (2018), botões sobre tela sobre madeira, com
161,5 x 162 cm.
“José Patrício segue as reflexões de Leibniz [filósofo alemã, 1646-1716] para quem a
ars combinatoria ou ciência geral das formas ou da similaridade e dissimilaridade
é um método universal, fundamento de todas as ciências” observa Paulo
Herkenhoff. “O artista nos cita o filósofo alemão: ‘ars combinatoria designa o projeto,
ou melhor, o ideal de uma ciência que, partindo de uma characteristica universalis, ou
seja, de uma linguagem simbólica que atribuísse um sinal a cada ideia primitiva e
combinasse de todos os modos possíveis esses sinais primitivos, obtendo assim
todas as ideias possíveis. Este é seu desafio há 25 anos”, destaca.
 
PEÇAS DE QUEBRA-CABEÇA DE PLÁSTICO – EFEITO VISUAL
A grande Sala Gomes Freire é identificada como “Sala Azul” devido à coloração de
16 trabalhos criados por José Patrício nos últimos seis anos, com peças de
quebra-cabeças de plástico sobre madeira, das séries Circuito Tonal e Tramas
tonais, e tamanhos que variam de 190 x 190 cm a 81 x 81 cm.
Neste espaço o público verá o armário-vitrine com as obras de arte popular
colecionadas por José Patrício, dos artistas Antônio Rodrigues, de Caruaru; Elda
Sobral, Fábio Ramos, Bezinho, Carlito, Edilmo e João Kambiwá, de Ibimirim; Socorro,
de Garanhuns; Dona Mocinha de Buíque, todos de Pernambuco; Lurdes Diniz, de
Lagoa Seca, na Paraíba; Antônio Sandes, da Ilha do Ferro em Alagoas; Zé
Celestino, de Juazeiro do Norte, no Ceará; José Valdo, de Santa Brígida, na Bahia;
Camocim, de Feijó, no Acre; Fernando e Edmilson, de Novo Airão e Márcia Sater
Mawé, de Manaus, no Amazonas; Delma de Melo, com máscaras de Pirenópolis,
além de muitos anônimos.
Neste segmento estará também a obra cedida pelo Museu de Arte do Rio (MAR)
“Painel de azulejos holandeses (Delft) – Temática de criaturas marinhas e peixes
emolduradas por cantoneiras em ossekopjes” (1640-1670), e cerâmica vitrificada.
Ainda na Sala Gomes Freire estarão obras coloridas, como “Sequências
cromáticas” (2011), 200cm x 200cm e “6.272 peças – 112” (2011), ambas em com
peças de plástico colorido sobre madeira, “Conexões cromáticas A-7” (2016), A-
12, A-13, A-14 , de 2023, as quatro feitas com selos postais sobre impressão em
Canson Rag Photographique, e ainda “Através do espelho” e “Através do espelho
II”, de 2023, em gravura em metal.

QR CODE – QUE A TERRA TE SEJA LEVE
A última sala, Treze de Maio, batizada de “Sala Cinza”, reunirá nove obras da série
“Vanitas”. Desta série estão “Vanitas – Notações em campo aleatório”, Vanitas –
notações ritmadas em campo aleatório (2015), construídas com cerâmica e lápis
de papel sobre madeira; “Vanitas (2001)”, “Vanitas Venezia – puzzle” (2023), em
peças de quebra-cabeças de plástico sobre madeira; “Vanitas Venezia” (2017),
fotografia.
Ao apontar o celular para as obras “Vanitas QR Code VIII”, “Vanitas QR Code XII”
e “Vanitas QR Code XIII”(2011-2018), em peças de quebra-cabeças de plástico

sobre madeira, se vê na internet a citação em latim “Sittibi terra Levis”: “que a terra te
seja leve”.
Paulo Herkenhoff escreve que foi ao “Dicionário de símbolos”e leu“que no sentido
de proteção, na Roma Antiga havia a cerimônia anual de martelar um prego no
templo de Júpiter e que na China martelar os pregos supérfluos nas casas afasta os
demônios”. “Na África, paradoxalmente, se enfiam pregos em alguns fetiches para
manter seus espíritos residentes fixados nas tarefas para cuja realização se invocou
sua ajuda”, o curador cita José Patrício, em seu livro “Percursos de criação” (2021).
Neste espaço estão ainda as obras “Superficie ondulada – Resquícios” (2011), em
esmalte sintético sobre peças de dominó de resina,“Circuito vai e vem colorido”
(2013), em peças de quebra-cabeças de plástico sobre madeira, e encerrando o
circuito “Composição Monjolo nº 1” (2023), com pastilhas decerâmica e rejunte
sobre madeira.

SOBRE JOSÉ PATRÍCIO
José Patrício nasceu em 1960, no Recife, onde vive e trabalha. Ativo no circuito de
arte desde 1976, quando integrou o 4o Salão dos Novos, no Museu de Arte
Contemporânea de Pernambuco, em Olinda, participou de diversas bienais, entre elas
a 22 a  Bienal de São Paulo, Brasil (1994) e a 3 a  Bienal do Mercosul, em Porto Alegre,
Brasil (1994); além da 8 a  Havana Biennial, Cuba (2003).Seu trabalho pode ser
encontrado em importantes coleções, como: Fondation Cartier pour l’art
contemporain, Paris, França; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM),
Recife; Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador; e Museu de Arte Moderna do
Rio de Janeiro.
Exposições individuais recentes incluem: “Potência criadora infinita”, na Nara Roesler
(2021), em São Paulo; “José Patrício: Algorithm in ‘Object Recognition’”, na Pearl Lam
Galleries Hong Kong H’Queens (2018), em Hong Kong, China; “Precisão e acaso”, no
Museu Mineiro (2018), em Belo Horizonte, e no Museu Nacional de Brasília (MUN)
(2018); “Ponto zero”, no Sesc Santo Amaro (2017), em São Paulo; “Explosão Fixa”, no
Instituto Ling (2017), em Porto Alegre.
Exposições coletivas recentes são, entre outras: “Utopias e distopias”, no Museu de
Arte Moderna da Bahia (2022), em Salvador; “Ateliê de Gravura: da tradição à
experimentação”, na Fundação Iberê Camargo (2019), em Porto Alegre; “Géométries
Sud, du Mexique à la Terre de Feu”, na Fondation Cartier pour l’art contemporain
(2018), em Paris; “Asas e Raízes”, na Caixa Cultural (2015), no Rio de Janeiro; “Le
Hors-Là”, na Usina Cultural (2013), em João Pessoa.
O trabalho de José Patrício se realiza na fronteira entre instalação e pintura,
misturando esses gêneros. Sua prática parte do arranjo de objetos cotidianos, tais
como dominós, dados e botões, a fim de criar padrões e imagens que podem ter
caráter geométrico ou orgânico, ainda que não deixem de resguardar uma
familiaridade enigmática com o cotidiano, tendo em vista a possibilidade de se
reconhecer aqueles elementos nas composições. Patrício despontou no mundo da
arte em 1999, quando criou uma instalação para o convento de São Francisco, em
João Pessoa. Na ocasião, o artista utilizou dominós como elemento-chave para muitos
dos seus trabalhos. Quando vistos de longe, os padrões observados ganham uma
qualidade pictórica (dada sua configuração geral) que contrasta com a natureza
gráfica individual de cada peça.

FORMAÇÃO PELO OLHAR

Em 1975, José Patrício ingressou na Escolinha de Arte do Recife, fundada por
Augusto Rodrigues, a única “possibilidade de formação artística, com toda uma
estrutura que ajudava os alunos, que podiam escolher uma determinada técnica”.
Pela comunicação mais difícil, um certo isolamento em relação ao circuito de arte, sua
formação “se deu pelo olhar”. “Passei a investir em ver exposições, e a partir dos anos
1980 comecei a ir ao Rio e a São Paulo praticamente todos os anos,e via todas as
exposições que estavam acontecendo, visitava as instituições, os museus, as
galerias”, recorda. “Na época havia umas galerias da Prefeitura do Rio que mostravam
muito os trabalhos dos artistas concretos e neoconcretos, e acredito que isso tenha
tido alguma influência, mas sobretudo meu interesse no geométrico-construtivo veio
muito da arte popular do nordeste e principalmente em Pernambuco, onde vivo.
Sempre me interessei e admirei as estruturas que você vê nas fachadas das casas,
que se encontra nas pinturas das festas populares, nas barracas, nos bancos, tudo
isso me chamava muito a atenção. Foi justamente quando entrei na Nara Roesler, em
2000, e que participei do Rumos Itaú Cultural, a carreira ganhou um aspecto mais
compromissado de estruturar a produção, e o trabalho foi crescendo e me trazendo a
possibilidade de explorar as minhas descobertas”.

Serviço: Exposição “José Patrício: Agitações pelo número”
Abertura: 3 de agosto de 2024, das 14h às 18h
Com a presença do artista
Até: 20 de outubro de 2024
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial Praça Quinze de Novembro, 48, Centro,
Rio de Janeiro, CEP 20010-010
Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h
Telefones: (21) 2215.5231 e (21) 2215.2093
E-mail: educativo@pacoimperial.com.br
@pacoimperial_rj
Entrada gratuita

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