USP/IEA 26/11/2024 a 29/11/2024
GT 12 – A recepção da negritude de artistas e filósofos latinos nos EUA
Tatiane de Oliveira Elias (UFSM)
Fernando Scherer (UNIVASF)
E-mail para envio de trabalhos: tatianeeliasufsm@gmail.com
Resumo: O presente GT aborda a recepção da negritude de artistas e filósofos latinos nos Estados
Unidos. Os afro-latinos e afro-caribenhos são 1/4 da população latina residente nos EUA, sendo
esse grupo fundamental para compreender a região da América Latina, assim como a sua
importância na cultura afro-latina nos Estados Unidos que se disseminou nas artes visuais, teatro,
dança, filmes, performance, fotografia, música, nos pensamentos sociais e nos movimentos negros
americanos.
Os Estados Unidos são um dos importantes polos que tiveram a recepção de artistas e filósofos
afro-latinos, seja por exposições, pesquisas, acervos de museus, palestras, publicações ou porque
viveram ou estiveram lá por um curto período; por essas ocasiões, ocorreram encontros entre as
culturas afro-latinas e a cultura americana. Os artistas e filósofos latinos trabalharam com questões
de identidades, multiculturalismo e negritude. Eles foram estimulados pelo movimento pelos
direitos civis liderado por Martin Luter King Jr. pelo fim da segregação racial. Muitos deles
analisam criticamente a história, as religiões, a migração, a colonização, tematizam o combate ao
racismo e a cultura afro-latina.
Artistas e pensadores afro-latinos que fizeram contribuições notáveis para a coletividade, muitas
vezes, são desconsiderados como cidadãos latinos, e até mesmo parte de suas histórias é apagada.
Abdias do Nascimento por muitas décadas foi reconhecido apenas na sua atuação política como
deputado e senador, apagando-se a sua grande contribuição na área de artes visuais, e sua atuação
nos Estados Unidos como professor e artista foi pouco diferenciada, até recentemente em 2022,
quando o MASP realizou a maior exposição individual dedicada ao seu trabalho. Pensadores e
ativistas como Abdias do Nascimento, Sandra Maria Esteves, Jorge Soto Sanches, e Antonia
Pantoja – além de artistas como Maria Magdalena Campos Pons, Patrícia Encarnación, Tiffany
Alfonseca, Alexandre Arrechea e Miguel Algarin, que tiveram uma participação direta no combate
ao racismo nos Estados Unidos –, através de suas obras artísticas, filosóficas, literárias e formas
inovadoras de arte dentro da negritude latina, contribuíram para a formação de novas identidades
culturais e novos pensamentos decoloniais. A diversidade de suas obras ilustra a complexidade das
experiências, das culturas e identidades dentro desse grupo. Essas obras exploram histórias,
tradições, culturas e religiões que foram por muitos séculos negligenciadas.
Os filósofos e artistas afro-latinos abordam em suas temáticas a igualdade de raça e gênero,
considerando que a questão da reparação é essencial, e combatem o racismo estrutural, responsável
muitas vezes pela invisibilidade desta etnia. Os artistas e pensadores negros latinos lidam com
questões de ancestralidade, religião, gênero, empoderamento, escravidão do passado colonial, o
papel do negro na sociedade atual, igualdade, diversidade e antirracismo.
É de suma importância o estudo dessa recepção da negritude latina nos Estados Unidos para
reescrever a história da arte e o pensamento filosófico, que por muitos séculos excluíram artistas
e pensadores negros dos seus principais livros, do ensino e da pesquisa. Convidamos contribuições
de estudiosos, cujos trabalhos exploram recepções da negritude nos EUA, repensam os legados do
colonialismo, apresentam ou criticam as perspectivas afro-latinas.
Os interessados em participar dos GTs deverão enviar um Resumo expandido até dia 10 de agosto de 2024. Os textos deverão conter: título, identificação de autoria, e-mail de contato, filiação (institucionais e/ou movimentos sociais), resumo (contendo de 1500 a 2500 caracteres sem espaço) e referências bibliográficas. Formatação: fonte Times New Roman, 12, espaçamento 1,5 cm.
http://www.iea.usp.br/eventos/colonialidade-racialidade-americas-seculos-xix-xxi