Pinacoteca do Ceará tem exposição de Leonilson com obras inéditas no Brasil até 26 de maio

Imagem: Leonilson-Foge-para-procurar-1990-Colecao-particular.-Credito_-Arquivo-Fotografico-Projeto-Leonilson

Com 245 obras, a exposição “Leonilson: Montanhas protetoras e ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das amizades”, realizada em parceria com o Projeto Leonilson, tem curadoria de Aline Albuquerque e Ricardo Resende. Além de pinturas, desenhos, instalações e bordados de Leonilson, incluindo obras inéditas do artista, a mostra reúne trabalhos de Batista Sena, Efímia Meimaridou, Luiz Hermano, Siegbert Franklin, Zé Tarcísio, Marcus Francisco, Karim Aïnouz e Ricardo Bezerra.

Leonilson é artista do nosso tempo. Realizada três décadas após seu falecimento precoce, em 28 de maio de 1993, esta mostra faz lembrar o seu legado, que o coloca entre os mais relevantes artistas brasileiros dos séculos XX e XXI. O artista ainda exerce forte influência sobre as novas gerações, comovendo o público de suas exposições, que o tem como referência, pelo seu modo de ser e pela obra artística composta de desenhos, pinturas, bordados, gravuras, objetos escultóricos e escrituras, que expressam sua forma política de desver este mundo de injustiças e contradições. Ou seja, ver fora da normalidade, enxergando equivalências sensíveis nos fenômenos naturais que lhes dão forma e que ocorrem na fina pele que cobre o mundo.

Leonilson produziu delicados desenhos e fez uso frequente de inscrições de textos e palavras, fazendo delas verdadeiras poesias visuais. São também conversas de alguém que sabia que transcendia o mundo. Nas pequenas figuras que aparecem na obra do final dos anos 1970, observamos que o artista vai preservar as qualidades dos traços que ainda veremos nos desenhos do começo da década de 1990, últimos anos de sua produção, nos mostrando coerência gráfica e, por meio dessas figuras – puras, de linhas simples e inacabadas –, verdadeiras e eloquentes narrativas. São figurinhas de homens e de fenômenos naturais reduzidos nos traços mínimos, mas, ainda assim, carregados de forte expressão, representando a humanidade na sua essência.

Nos desenhos do começo dos anos 1980, podemos observar a maneira como Leonilson enxerga o mundo interior das pessoas. Cenas do cotidiano em que retrata amigos em estado de contemplação, e que fazem uma correlação com o núcleo da exposição Das amizades. Mais tarde, observamos em sua obra o artista mais autobiográfico, quando produziu uma série de desenhos que explora sentimentos como coragem, solidão, angústia, medos, proteção, transcendência e morte – expressos na forma de montanhas, vulcões, furacões, abismos, rios, corredeiras e garrafas que aludem ao corpo humano e abrigam vulcões em sua força e intensidade simbólicas.

Esses desenhos evidenciam a carga emocional presente em toda a obra. Sua forma de contar e expressar os sentimentos é ato político, primordial para sua sobrevivência. É de uma vida intensa que se trata a obra.

SERVIÇO
Exposição “Leonilson: Montanhas protetoras e ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das Amizades”
De 9 de dezembro a 26 de maio de 2024
Pavilhão 1 da Pinacoteca do Ceará
(Rua 24 de maio, s/n, Centro – Fortaleza)
Com acessibilidade em Libras
Classificação Indicativa: Livre*
Funcionamento: Quinta a sábado,
12h às 20h, e aos domingos, 10h às
18h. Entrada nas exposições até 30 minutos antes do fechamento.

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