Exposição “Trava da peste: linda quanto sol”, de Isadora Ravena, com curadoria de Lucas Dilacerda no Museu de Arte Contemporânea (MAC Dragão)

Exposição discute a mutação da espécie humana por meio de raios solares e obras poéticas

Temas como mudanças climáticas, calor, espiritualidade e corpo são abordados em imagens e instalações na exposição com abertura em 9 de março no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), do Centro Dragão do Mar.

A exposição “Trava da peste: linda quanto sol”, da artista Isadora Ravena, com curadoria de Lucas Dilacerda, discute a transição de gênero de pessoas trans, travestis e não binária como uma mutação da espécie humana para sobreviver às crises climáticas. Ao mesmo tempo contesta a compreensão de que a transição de gênero seria deixar de ser homem para tornar-se mulher ou vice-versa. As obras propõem ampliar essa visão limitada e discutir a transmutação do corpo para além da categoria de “gênero”, pois este ainda é refém da espécie humana e dos binarismos de homem e mulher, de começo e fim. Para isso, a artista aborda a transmutação em um novo paradigma ecológico que encara a transição como mutação da espécie. Em uma época afetada pelas mudanças climáticas, crises ambientais e aquecimento global, a artista aponta que corpos trans já estão em mutação rumo a outras formas de vida que se fazem em alianças elementares com a matéria, a paisagem, os astros e o sol.

Além disso, a exposição apresenta uma instalação inédita em homenagem aos 75 anos de nascimento da artista transexual Márcia Mendonça, que nasceu em 1949 na cidade de Limoeiro do Norte, sertão do Ceará, e nos deixou uma vasta produção artística que transita entre o sagrado e o profano, entre a memória e o esquecimento, sendo considerada a 5ª maior pintora de arte sacra do mundo.

Sepultura, 2019, Instalação, Terra, algodão, cadeira de madeira e gilete de aço, 300 x 180 x 300 cm

A exposição possui um projeto de acessibilidade que contempla ações como tradução em Braille, interpretação em Libras, legendagem para surdos e ensurdecidos, fonte ampliada, alto contraste, obras táteis e audiodescrição em todas as obras. O projeto foi realizado por especialistas da área — tais como linguistas, fonoaudiólogos, roteiristas, designers e demais especialistas em acessibilidade —, além da consultoria de usuários e pessoas com deficiência. O espaço do museu dispõe de arquitetura acessível e cadeira de rodas na recepção.

A exposição “Trava da peste: linda quanto sol” é um convite para refletirmos sobre como corpos trans estão desenvolvendo novos saberes e estratégias de sobrevivência para habitar e transformar um mundo marcado por crises climáticas.

A exposição foi selecionada no Cena Ocupa: Convocatória de Ocupação Artística do Centro Dragão do Mar 2023/2024, da Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará, gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM).

A abertura oficial da exposição acontece no dia 9 de março, sábado, no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), localizado no Centro Dragão do Mar. Com acesso gratuito, o museu abre suas portas a partir das 13h para visitação e, às 16h, convida o público para a fala de abertura com presença de artistas e curadores.

Abertura: Sábado, 9 de março, às 16h

Local: Museu de Arte Contemporânea do Ceará, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Endereço: Av. Dragão do Mar, 81

Período em cartaz:

9 de março a 28 de julho de 2024

Horário de funcionamento:

Quarta à sexta – 9h às 18h

Sábado, domingo e feriado – 13h às 18h

Últimos acessos até 17h30

Minibio da artista:

Isadora Ravena é travesti, artista, professora, curadora e crítica de arte. Nascida em Uruburetama, interior do Ceará, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade do Estado de Santa Catarina, Mestra em Artes e Graduada em Teatro pela Universidade Federal do Ceará. Suas criações transitam entre as artes visuais, a cena contemporânea e o audiovisual. É articuladora do campo de pesquisas em travecametodologias (metodologias travestis) da criação e recepção estética e autora do livro “Sinfonia para o fim do mundo” (2020). Foi professora em diversos equipamentos públicos e privados do país, e professora-pesquisadora convidada em instituições como a Universidade de São Paulo, a Universidad de la República, no Uruguai, e a Amsterdam University of the Arts. Integra o projeto internacional “Rayonnement de la Lumière -RaLum”, em parceria com a Université de Lille, na França.

Minibio da curadora:

Lucas Dilacerda é Curadora e Crítica de Arte. É sócia da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte. Realizou mais de 20 curadorias. Ministrou mais de 60 cursos e 180 apresentações em diversas instituições de arte no Brasil. Possui mais de 30 textos, críticas de arte e artigos publicados. É autora do livro “Pensamento alienígena: a fabulação de novos mundos possíveis”. É coordenadora da CAV – Curadoria em Artes Visuais; do LAC – Laboratório de Arte Contemporânea; e do LEFA – Laboratório de Estética e Filosofia da Arte. Graduada (Licenciatura e Bacharelado) em Filosofia, com ênfase em Estética e Filosofia da Arte, com distinção Summa Cum Laude, pela Universidade Federal do Ceará (UFC); Especialista em Arte e Filosofia Clínica, pelo Instituto Packter; Mestra em Filosofia, com ênfase em Estética e Filosofia da Arte, pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFC; Graduação em Artes Visuais, pela Universidade Estadual do Ceará; e Mestrado em Artes, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC.

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