Exposição Acervo em movimento — Junho de 2023 no MARGS em Porto Alegre, RS

Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS — Sedac, reestreia a exposição “Acervo em movimento” apresentando uma renovada e inédita seleção de obras.

Esta nova versão do programa expositivo dedicado à exibição pública do acervo do MARGS pode ser conferida a partir do próximo sábado (17.06.2023). A visitação é de terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), com entrada gratuita.

Depois de ser apresentada no 1º andar expositivo do MARGS entre dezembro e o começo deste mês de junho, com dois momentos distintos dedicados a trazer a público uma amostra do conjunto de mais de 400  obras que ingressou entre 2019 e 2022 no acervo, a exposição de longa duração agora retorna ao 2º andar do Museu, ocupando novamente as 3 salas onde estava anteriormente.

Nesta reestreia, “Acervo em movimento” tem como mote central estabelecer diálogos com outras mostras em exibição no MARGS. São elas as duas exposições do fotógrafo francês Pierre Fatumbi Verger (1902-1996), apresentadas no 1º andar entre junho e outubro de 2023 (a abertura será no próximo dia 21); e também a mostra que resgata a produção em tapeçaria da artista gaúcha Liciê Hunsche (1924 – 2017), em exibição no 2º andar entre abril e julho de 2023.

Assim, a nova versão de “Acervo em movimento” tem por objetivo enfocar a fotografia — mais precisamente, o princípio fotográfico na produção artística — e a arte têxtil — mais especificamente, a tapeçaria (leia mais detalhes abaixo). No conjunto selecionado, são apresentadas mais de 50 obras do acervo do MARGS, de mais de 40 artistas brasileiros e estrangeiros (confira abaixo a lista dos nomes), compondo um conjunto diverso em tapeçaria, objetos têxteis, batik, fotografia, vídeo, performance, fotoperformance, serigrafia, pintura e processos híbridos e multimeios.

“Acervo em movimento” é um programa expositivo concebido em 2019 para trazer a público o acervo do MARGS, por meio de uma exposição de longa duração que se vale da estratégia de rotatividade das obras em exibição, mediante substituições frequentes. Assim, obras entram e saem da exposição com o objetivo de manter uma renovação constante do conjunto em exibição (leia mais sobre o programa nos textos abaixo).

Nas palavras do diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol:

“Com a estratégia de rotatividade das obras expostas, as substituições geram recombinações que procuram propor novos diálogos e chaves de compreensão, oferecendo ao público uma exposição sempre viva e dinâmica, que aposta na experiência mais do que nos discursos, e na descoberta mais do que nas verdades. Com retorno ao 2º andar expositivo do MARGS, ‘Acervo em movimento’ reencontra agora seu tradicional espaço, mantendo-se como uma exposição de acervo de longa duração, porém com rotatividade de obras. E sempre com o mesmo compromisso e responsabilidade: implementar uma política de exibição permanente dedicada à apresentação pública do acervo do MARGS e suas novas aquisições”.

ACERVO EM MOVIMENTO

LISTA DE ARTISTAS (junho de 2023)

Albano Afonso

Alex Flemming

Andressa Cantergiani

Arlinda Volpato

Bruno Gularte Barreto

Carla Borba

Carla Obino

Claudia Paim

Claudio Tozzi

Concessa Colaço

Ding Musa

Dirnei Prates

Élle de Bernardini

Evgen Bavcar

Fanny Meimes

Flávio Cerqueira

Flavya Mutran

Genaro de Carvalho

Gisamara

Jacques Douchez

Jorge Meditsch

Juan Urruzola

Jussara de Souza

Heloisa Crocco

Leopoldo Plentz

Luiz Carlos Felizardo

Karen Axelrud

Mário Röhnelt

Marilice Corona

Minor Tomita

Oscar Lippe

Pierre Coulibeuf

Rava

Rommulo Vieira Conceição

Ronete Magrisso

Roosevelt Nina

Salomé Steinmetz

Sioma Breitman

Swami Prem Prabhu

Tony Camargo

Vera Chaves Barcellos

Vic Macedo

Wilhelm Horvath

Zoravia Bettiol

A NOVA EXPOSIÇÃO

Esta nova versão da exposição “Acervo em movimento” tem como mote central estabelecer diálogos com outras mostras em exibição no MARGS. 

Assim, são enfocadas a fotografia — mais precisamente, o princípio fotográfico na produção artística — e a arte têxtil — mais especificamente, a tapeçaria.

A fotografia

No primeiro enfoque, a relação se dá com as duas exposições do fotógrafo francês Pierre Fatumbi Verger em exibição nas Pinacotecas do Museu, entre junho e outubro de 2023. 

Assim, “Acervo em movimento” apresenta uma seleção de obras distribuídas em 2 salas que assinalam desde o momento de ingresso da fotografia no acervo — o que ocorre somente no final dos anos 1970, passados mais de 20 anos da criação do MARGS —, até a sua ampla e diversificada representatividade nos anos seguinte até aqui.

Nos dias de hoje, a fotografia se faz presente no acervo do Museu com obras vinculadas tanto ao documental como ao artístico — em alguns casos,

sem essa indistinção —, envolvendo fotojornalismo, retrato, paisagem, apropriação, manipulação e performance, entre outros.

Interessante perceber que a primeira obra em fotografia a ser adquirida para o acervo do MARGS não é exatamente uma fotografia, ao menos em termos convencionais. Trata-se de “Epidermic scapes” (1977), de Vera Chaves Barcellos. Nessa obra, a fotografia funciona como recurso e meio dentro de uma prática conceitual mais ampla: o princípio fotográfico é acionado como estratégia de geração de imagens a partir do corpo, constituindo um procedimento que, portanto, também se relaciona à performance. 

A presença de Vera Chaves Barcellos — com duas obras históricas que envolvem a fotografia — se dá ainda pela circunstância criada pela retrospectiva que apresenta entre maio e julho de 2023, na Fundação Iberê Camargo, procurando-se estabelecer relações também entre os programas das instituições.

A tapeçaria

O outro enfoque desta atual versão de “Acervo em movimento” é estabelecer um diálogo e mesmo um complemento à exposição “Liciê Hunsche – Fios de memória”, em exibição no MARGS entre abril e julho de 2023. 

Com isso, o Museu atualiza e também celebra a sua história institucional de envolvimento com a produção em arte têxtil, notadamente a do Rio Grande do Sul. O MARGS possui uma expressiva coleção de tapeçarias e objetos têxteis, que tem sido ampliada em anos recentes e apresentada em exposições individuais como “Yeddo Titze – Meu jardim imaginário” (2021) e coletivas como este programa “Acervo em movimento”.

Assim, nesta exposição é agora apresentada uma seleção que contempla desde a primeira tapeçaria a ingressar, de Genaro de Carvalho, adquirida ainda em 1959, nos anos iniciais de constituição do acervo do Museu. 

Já os demais trabalhos reunidos são representativos das décadas de 1970 e 80, período de destaque da produção em arte têxtil no Rio Grande do Sul e no país, e quando o MARGS foi uma instituição fundamental para a sua difusão e legitimação.

Ao mesmo tempo que apresentava essa produção, à época o MARGS adquiriu boa parte das tapeçarias que hoje integram seu acervo. Com o expressivo destaque dessa produção, o Museu manteria uma sala para exibição dessas obras entre 1979 e 1985.

Todo esse histórico institucional motiva, nesta atual versão de “Acervo em movimento”, a montagem da sala que reúne um recorte significativo do conjunto de tapeçarias do acervo, privilegiando em sua maioria aquelas que há mais tempo estavam sem vir a público.

O PROGRAMA “ACERVO EM MOVIMENTO”

Por Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS
Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte

O Acervo Artístico do MARGS guarda mais de 5.700 obras de arte do século 19 à atualidade, de artistas brasileiros e estrangeiros. Abrange, assim, desde produções regidas pelos modelos acadêmicos, passando pelas rupturas das manifestações dos modernismos em diferentes geografias, até chegar à pluralidade dos desdobramentos operados pelas práticas artísticas contemporâneas. 

“Acervo em movimento” é um programa expositivo concebido para trazer a público o acervo do Museu, por meio de uma exposição de longa duração que se vale da estratégia de rotatividade das obras expostas. Assim, trabalhos entram e saem com o objetivo de manter uma renovação frequente e constante do conjunto em exibição.

Fundamentado por noções de dispositivo, montagem e display, o modelo de exposição recombinante adotado por “Acervo em movimento” lança mão de um processo curatorial de caráter experimental. 

Cada mudança — em parte ou no todo da mostra — opera o que passamos a denominar como “nova virada da exposição”, sendo concebida como uma resposta à configuração anterior e, por vezes, até às outras exposições no mesmo momento em exibição no Museu, estabelecendo diálogos. 

Com a estratégia de rotatividade das obras expostas, as substituições geram recombinações que procuram propor novas relações, sentidos e chaves de compreensão, oferecendo ao público uma exposição sempre viva e dinâmica, que aposta mais na experiência da descoberta do que na orientação do discurso.

O interesse é sondar as provisórias relações de vizinhança entre as obras, assim como as tensões das partes com o todo, propondo desdobramentos que intensificam e multiplicam as formas de ver, sentir e reagir. 

Parte-se do entendimento de que obras de arte não “falam” apenas por si mesmas, uma vez que seus sentidos são também efeito do que podem produzir tanto em relação ao contexto mais amplo em que vêm a público como no interior dos territórios relacionais e narrativos que uma exposição é capaz de colocar em causa. 

Assim, esta exposição pergunta ao visitante: quais podem ser as relações entre trabalhos distintos e de diferentes épocas, contextos e linguagens?

O convite é que o público constitua os seus caminhos interpretativos, estabelecendo os seus próprios encontros e conexões, os quais sempre envolvem o que já sabemos, a expectativa do que ainda não vislumbramos e o estranhamento transformador da experiência inesperada e arrebatadora. 

Ao evitar modelos expositivos orientados por cronologias e agrupamentos segundo categorias convencionais, “Acervo em movimento” investe em aproximações, diálogos e cruzamentos especulativos que resultam em roteiros não lineares e abertos em suas possibilidades de sentidos. Com isso, procura-se oferecer um exame crítico de hierarquias, assimetrias e leituras consensuais que reiterariam a construção de um cânone entre as obras do acervo do MARGS, cujo caráter excludente é aqui reavaliado em favor de maior compromisso com pluralidade, diversidade, inclusão e representatividade.

Desse modo, “Acervo em movimento” busca mobilizar questões prementes à luz dos debates contemporâneos, como a necessidade de se refletir sobre narrativas hegemônicas, discursos canônicos, hierarquias dominantes e presenças/representatividades (e a ausência delas) em acervos e exposições. 

E como programa expositivo de caráter permanente desde 2019, integra a política de aquisições e divulgação do acervo do MARGS com o objetivo de explorar estratégias de abordagem de sua exibição por meio de processos curatoriais voltados à experimentação de estratégias expositivas.

SERVIÇO

“Acervo em movimento”

Reestreia da exposição de longa duração com rotatividade de obras do acervo do MARGS

Quando: a partir de sábado (17.06.2023)

Onde: 2º andar do MARGS (galeria João Fahrion e salas Pedro Weingärtner e Angelo Guido). O MARGS se localiza na Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico de Porto Alegre, RS — Brasil — 90010-150

Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), com entrada gratuita. Visitas mediadas para grupos e escolas podem ser agendadas pelo email educativo@margs.rs.gov.br

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