SOBRE O ARQUIVO

Trata-se de um projeto no campo da Cultura e Extensão Universitária, mas com relevância igualmente no campo da pesquisa. O projeto oferece ao aluno a possibilidade de construir experiência no campo da comunicação on-line: traz uma oportunidade de aprender a trabalhar com a comunicação cultural e obter conhecimentos de como organizar documentos em um arquivo digital a ser disponibilizado, no futuro, para pesquisa on line.

O projeto Arte e Crítica: construindo a informação on line é desenvolvido pelo Arquivo Laboratório de Crítica de Arte (ECA/CCA) em parceria com a Associação Brasileira de Críticos de Arte.  A parceria foi iniciada no ano de 2.000, para o trabalho de ordenação e estudo do arquivo de documentos da Abca.  O Arquivo reúne, desde então, pesquisadores e alunos bolsistas que trabalham para preservar e valorizar os documentos e obras produzidas por críticos de arte durante a sua trajetória. Objetiva, igualmente, criar ações para contribuir ao conhecimento da atividade crítica, tanto no campo do jornalismo como no da reflexão teórica. Vem realizando publicações, tendo sido criados, em 2.000, um site, no âmbito da Abca (www.abca.art.br) e o “ Jornal da Abca” — este, desde 2012, um jornal on line. Resultou também do projeto a criação da coleção Crítica de Arte (já publicados 7 títulos), além de organizar-se, anualmente, seminários ou jornadas para debate sobre crítica de arte.

Arquivo de Crítica de Arte: sua metodologia, seus objetivos

O Arquivo e Laboratório de Crítica de Arte tem como objetivo estudar o acervo da Associação Brasileira de Crítica de Arte, reunindo, preservando e valorizando os documentos e obras produzidas por críticos de arte durante a sua trajetória. Objetiva igualmente criar ações que poderão contribuir para o conhecimento da atividade crítica, tanto no campo do jornalismo como no da reflexão teórica, no âmbito do ensino, pesquisa e extensão universitária.

O Arquivo vem sendo um laboratório de pesquisa e extensão aberto a alunos da graduação e da pós-graduação da Universidade, oferecendo estágio de especialização, ou acolhendo bolsistas de Iniciação Científica e dos Programas Aprender com Cultura e Extensão e de Bolsas de Graduação, desde quando foram instituídas.

Arquivo Especializado

A preservação dos elos e ferramentas da atividade crítica facilita a compreensão dos movimentos e acontecimentos que influem na vida artística e na maneira pela qual os críticos recebem e reconstroem a arte em seu contexto intelectual e social. Este projeto volta-se para a produção especializada brasileira no campo da crítica do século XX e XXI, interessa-se, também, pela divulgação e reunião de documentos do momento atual.

Volta-se, igualmente, e para a observação e discussão da arte contemporânea, onde o foco é o trabalho de artistas e movimentos artísticos. Objetiva a organização, a digitalização, e a colocação on line do arquivo histórico da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, criada em 1949, em interface com a Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA. Objetiva a difusão cultural, a comunicação on line da informação sobre acontecimentos da área de crítica de arte e atividades dos críticos.

No futuro, o Arquivo de Crítica possibilitará consultas sobre uma grande parte de documentos de crítica de arte brasileira, assim como se constituirá num acervo referencial para a teoria da arte e a história da arte contemporânea e para o jornalismo especializado em artes visuais.

O Arquivo de Crítica de arte abre-se para a interação com diferentes faculdades da Universidade de São Paulo. Existe um elo direto com a Escola de Comunicações e Artes da USP, pois em novembro de 2.000, estabeleceu-se uma interface entre a Escola de Comunicações e Artes e a Associação Brasileira de Críticos de Arte.

O Arquivo vem recebendo pesquisadores de diversas partes do Brasil e de diferentes países estrangeiros para participar de colóquios, jornadas temáticas e seminários realizados e abertos a alunos de graduação e de pós-graduação e ao público em geral. Vem preparando publicações resultantes desses eventos e interfaces. Com base nesta experiência nasceu a Coleção Crítica de Arte, publicada pela ABCA, com apoios externos.

O Arquivo vem realizando, através da ABCA, intercâmbio com a Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA, organismo ligado à UNESCO.

Desde o início de sua atividade em 2.000, realiza um trabalho no campo da comunicação da informação sobre a crítica de arte e a arte contemporânea, através do Jornal da ABCA e outras publicações dessa Associação. Além disto, mantém o site informativo da ABCA na Internet, voltado para especialistas, bibliotecas e interessados em geral nos temas artísticos.

Com a criação de um banco de documentos on line será possível aos interessados, mediante autorização, desenvolver a pesquisa, em diversas partes do Brasil, de forma concomitante.

O Arquivo de Crítica de Arte pretende igualmente propor ações em conjunto com instituições públicas e privadas que possam contribuir para o desenvolvimento dos seus trabalhos e a preservação de seus acervos.

Livros Organizados pela ABCA

MARCONDES, Neide e FAZZOLARI, Claudia. Crítica de Arte e História da Arte. São Paulo: ABCA, 2016.

ZMITROWICZ, Maria. Brasília, Cidade Nova, Síntese das Artes – O Congresso Internacional da Aica de 1959. São Paulo, ABCA, 2011.

BERTOLI, Mariza e STIGGER, Verônica (org.). Arte, Crítica e Mundialização. São Paulo, ABCA/Imprensa Oficial, 2008.

GONÇALVES, Lisbeth Rebollo (org.). Arte Brasileira no Século XX.  São Paulo, ABCA/Imprensa Oficial/MAC USP. 2007.

—————————— (org.).  AICA CONGRESS PROCEEDINGS. SÃO PAULO BRAZIL 2007.  São Paulo, SESCSP/AICA/ABCA/MAC USP, 2007.

FABRIS, Annateresa (org.). Crítica e Modernidade. São Paulo, ABCA/Imprensa Oficial,2006.

GONÇALVES, Lisbeth Rebollo e FABRIS, Annateresa (org.). Os Lugares da Crítica de Arte. Abca/ Imprensa Oficial, 2005.

GONÇALVES, Lisbeth Rebollo (org.). Sergio Milliet 100  anos. São Paulo, ABCA/Imprensa Oficial, 2004.

Esta é uma bibliografia indicativa do suporte teórico buscado para o trabalho em desenvolvimento. Continuamente, é atualizada e ampliada. A atualidade no debate crítico é sempre uma meta seguida pelos pesquisadores do arquivo e, para este fim, contribuem as jornadas de estudo e os seminários e simpósios que são organizados ou dos quais os pesquisadores participam. Muito deste trabalho aparece nas publicações que vem sendo feita no âmbito da ABCA, igualmente, aqui destacada.

1. A importância dos Arquivos Online

A expansão estruturada de arquivos online, na atualidade, representa um dado fundamental para o maior acesso e o melhor fluxo de informações assentadas em plataformas que reúnem peças históricas, insubstituíveis para investigadores de diversas áreas do conhecimento.  Muitos centros de documentação, especialmente aqueles alicerçados em universidades públicas – conhecidos como CEDOCs –  mantém em seus acervos cartas, ensaios, fotos, registros de identificação, atas de assembleias, entre outros materiais que motivam novas pesquisas e auxiliam o trabalho do investigador em sua incessante jornada de trabalho.

Conhecidos pelas suas qualidades, associadas à acessibilidade e ao volume de material armazenado e disponibilizado para consulta, os arquivos online tem garantido a eficiência de um sistema integrado de dados que mantém vivos acervos históricos, ampliando suas ações e desdobramentos materializados em novas publicações.

Diante do quadro apresentado, destaca-se também o acervo histórico da Associação Brasileira de Críticos de Arte, seção nacional da AICA, Associação Internacional de Críticos de Arte. Acervo que reúne centenas de documentos entre cartas, textos críticos, atas de assembleias, fotos, catálogos de exposições de arte, entre outras peças, sua dinâmica estabelece um testemunho sobre alguns rumos da história da arte brasileira revelando os movimentos de seus personagens apontando as linhas de raciocínio, as decisões e as pautas que estabeleceram frentes de luta em distintos momentos da criação no país. Como parcela integrante do acervo, a seção de catálogos apresenta uma faceta da importância do arquivo ao reunir projetos editoriais de exposições realizadas em distintas regiões do país, especialmente entre as últimas décadas de sessenta e setenta.

Composto pelo pensamento de Antonio Bento, Mário Barata, Mário Pedrosa, José Roberto Teixeira Leite, Carlos Flexa Ribeiro, Clarival do Prado Valladares, Radha Abramo, Carmen Portinho, entre tantos intelectuais que também compuseram o quadro da instituição, o acervo da Associação Brasileira de Críticos de Arte mantém e preserva o legado de produções que articularam o debate sobre arte no pais.

A digitalização dos documentos sob a guarda do Arquivo da Associação Brasileira de Críticos de Arte, em curso, pretende chegar à meta de possibilitar ao estudioso do campo da crítica de arte a pesquisa on line sobre temas de arte, cultura e produção em crítica de arte pelos intelectuais ativos nestes campos.

2. Comunicação e Internet

Sob a ótica da comunicação, vale ressaltar o fato de que as relações espaço- temporais, na sociedade contemporânea, são perpassadas pelos efeitos da tecnologia das comunicações, que introduzem os fluxos contínuos e o tempo real, bem como pela desterritorialização mundializada dos espaços. A internet estabeleceu condições estruturais que fazem parte das representações e das novas relações de proximidade e continuidade tanto para os indivíduos como para as coletividades. Utilizando tecnologias digitais e recursos de interação, a internet interpõe novos mecanismos de recepção e intercâmbio dos indivíduos com a arte, assim como em suas relações com o coletivo. A internet é um fenômeno mundial de dimensões sociais, econômicas e culturais que ocupa cada vez mais a vida de todos, direta ou indiretamente, independente de uma opção pessoal. Sem ela, muitas atividades se inviabilizam (aeroportos, bancos, supermercados, estações de luz etc.), quase tudo está na rede, quando ela cai ficamos imobilizados. A internet aproxima pessoas, dando velocidade às trocas de informação e reduzindo distâncias. Os avanços rápidos e contínuos nessa área da tecnologia deram novos impulsos às comunicações, transformando a maneira de viver e de pensar, os hábitos e os valores. É um fenômeno que vai mais além dos aspectos econômicos, devendo ser abordado do ponto de vista sociológico, antropológico e cultural. Embora seja difícil perceber, a internet é uma inovação tecnológica bem recente, tendo surgido como parte de estratégicas bélicas, e somente em meados dos anos 1990 permitiu o acesso para um público mais amplo. Seu uso pelos artistas se inicia já em 1994, quando de suas primeiras disponibilizações para uso fora de universidades e instituições de pesquisa.

Com o uso da internet, desenvolve-se um processo de democratização e partilha da informação, além de uma possibilidade de aproximação até pouco tempo inimaginável. No ciberespaço é possível fazer amizades e relacionamentos, conhecer locais e ver imagens sem a exigência de visitas físicas. Gente que jamais entrou em um museu ou galeria pode frequentar sites de artistas de forma regular e participativa. Os artistas que trabalham nesse meio estão conectados com as questões da arte contemporânea, suas obras são criativas, originais e promotoras de interessantes diálogos.

Essas práticas comunicacionais realizam-se em um sistema de interligações que não se fixa em um ponto central, mas cujo movimento permite inúmeras conexões, fazendo com que cada ponto da rede seja a sua totalidade. Jose Luis Brea, ao analisar o que ele denomina Cultura RAM, afirma que são as redes de conexão as responsáveis pela produção de conhecimento e não mais as estruturas de armazenamento de dados. Dessa forma, os inúmeros nós de circulação e transferência de informações que se observam na rede são os verdadeiros produtores da cultura. A sociedade da comunicação estabelece novas relações de trabalho e novas formas de estruturar o pensamento, e as artes visuais não estão fora desse debate. A cultura atual dirige-se a uma tendência eminentemente relacional, em que as práticas artísticas se tornam primordialmente políticas, abandonando o regime de mercado, para se integrar às novas economias de distribuição. A possibilidade de que qualquer indivíduo ou grupo, utilizando-se das tecnologias disponíveis, crie seu lugar na rede, inserindo-se em um sistema de relações específicas.

 1. BREA, Jose Luis. Cultura RAM. Gedisa, Barcelona, 2007.